Incidência política exemplos:
A Comunidade da Linha Resiste

Organização Comunidade da Linha Resiste
Site https://www.instagram.com/comunidadedalinharesiste/
País Brasil
Tipo CBO
Tema Outro

Resumo

A Comunidade da Linha é um assentamento de baixa renda de aproximadamente 700 habitantes. Desde 2012, a comunidade vem lutando contra a empresa Transnordestina, que, em 1997, obteve a concessão de uma rede ferroviária do Nordeste e agora, 25 anos depois, está tentando desocupar uma área ao redor da linha ferroviária, obtendo ordens de despejo para as famílias que ali vivem, sem oferecer uma alternativa. Nestas circunstâncias, e com base no aviso de demolição, a Linha Comunidade Resiste ao movimento tem realizado protestos e lançado várias campanhas que levaram a atrasos na expulsão de famílias e a destruição de suas casas.

Análise de problemas

A Comunidade da Linha, no bairro Ibura, em Recife/PE, é uma ocupação de baixa renda, marcada pela ausência de saneamento básico, que tem cerca de 700 moradores/as, dos/as quais mais de 80% das pessoas são negras e 66,5% são mulheres. A renda média da maioria das famílias é inferior a um salário mínimo. Esses dados fazem parte da pesquisa socioeconômica realizada pela própria comunidade para ser integrada aos processos na justiça.
A comunidade está lutando desde 2012 contra uma ação de despejo movida pela empresa Transnordestina que, em 1997, obteve a concessão da malha ferroviária do Nordeste e agora, 25 anos depois, reivindica a reintegração de posse de uma área em volta da linha férrea que corta a referida comunidade. O conflito se intensificou em fevereiro de 2021, durante a pandemia da COVID-19, quando um dos processos foi julgado em favor da empresa, condenando 20 famílias a princípio ao despejo forçado sem alternativa habitacional.
A fim de desmobilizar os/as moradores, a empresa decidiu mover o processo em cinco casos separados na Justiça e existem entendimentos diferentes acerca do tamanho das áreas que devem ser desocupadas ao redor da linha férrea, variando entre 6 e 21 metros. O menor deles ameaça 155 residências, enquanto o maior atingiria 210. Vinte residências já foram notificadas com a sentença de demolição.

Análise de solução

Diante dessa situação e a partir da notícia da demolição, o movimento Comunidade da Linha Resiste realizou protestos e moveu várias campanhas que resultaram no adiamento de expulsão das famílias e destruição das casas.
A comunidade chamou a atenção da opinião pública da cidade com um protesto numa avenida de grande fluxo, com ampla cobertura da mídia, sobretudo por conta das restrições sanitárias no âmbito da pandemia de COVID-19, com o lema “fique em casa”. Uma contradição, já que a recomendação de ficar em casa era quebrada pelo próprio Estado, por meio de uma empresa concessionária que promove despejos forçados.
Nesse contexto, várias assessorias e movimentos sociais somaram-se aos moradores e foi formado o Coletivo Comunidade da Linha Resiste. Essa articulação engendrou uma série de táticas para a incidência política, envolvendo incidência no território com mobilização dos moradores em assembleias, cine debates, atividades culturais e porta a porta.
Nesse processo, por meio do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) e da Cooperativa Arquitetura Urbanismo e Sociedade (CAUS), foram desenvolvidos estudos sociais e urbanísticos alternativos para o conflito. Os estudos foram apresentados em audiências públicas na câmara de vereadores do Recife e possibilitaram a abertura de uma mesa interinstitucional para buscar uma solução habitacional para a comunidade.
Outra frente importante foi o engajamento na Campanha Nacional Despejo Zero articulação de movimentos sociais e organizações de todo o país articulada em 2020 contra os despejos; essa mobilização nacional levou à suspensão dos despejos durante a pandemia no Brasil através de uma medida do Supremo Tribunal Federal inicialmente até final de 2021, sendo prorrogada primeiramente até março de 2022, em seguida até junho e, no momento, encontra-se prorrogada até outubro de 2022.
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